EMBALAGEM: DESIGN x FABRICAÇÃO

Conflito ou parceria?

Essa é uma questão que cada vez mais está sendo colocada em discussão, ainda hoje essas duas fases do desenvolvimento de uma nova embalagem ocorrem em momentos distintos e sem nenhum contato entre as áreas responsáveis por cada uma delas.

A agência responsável pela criação do design, após receber o briefing do depto de Marketing, elabora suas propostas e alternativas, sempre buscando apresentar inovações e novos conceitos sem se preocupar, e o que é pior sem conhecer absolutamente nada (ou quase nada) dos diversos processos produtivos das embalagens.

As escolas de design em sua maioria não preparam os futuros designers nesse sentido, o que ocorre são criações que nem sempre irão atender ao projeto do cliente final.

Há uma enorme carência de conhecimento do que é possível produzir dentro da realidade de cada item do projeto de uma embalagem, por exemplo, já me deparei com algumas situações que vou expor aqui, mas claro sem divulgar os nomes das empresas envolvidas:

Certa vez recebi uma consulta para orçar alguns rótulos adesivos para uma nova linha de shampoos e de condicionadores, seriam 14 modelos no total, sendo 7 modelos de shampoo e 7 de condicionador, as artes criadas pelo designer continham 9 cores cada uma, ora, levando-se em conta que seriam apenas 3 mil rótulos de cada modelo, fica claro a inviabilidade do projeto.

Se o designer tivesse tido a oportunidade de aprender um pouco sobre os processos de impressão, saberia que para essa quantidade de rótulos não caberia a aplicação de 9 cores, talvez soubesse que existem poucas máquinas de 9 cores para rótulos operando no Brasil.

Resultado: o projeto teve que ser refeito para 6 cores, mais compatível com a realidade e necessidade do cliente final.

Vejam bem, eu não estou dizendo que não é possível fazer, na minha modesta opinião pode-se fazer praticamente tudo que for pensando ou criado, mas a pergunta correta que sempre deve ser feita é: Quanto vai custar? Esse custo é compatível com meu projeto? As resposta a essa análise poupam tempo e recursos de todos os envolvidos no processo.

Isso para falarmos apenas de rótulos, mas se olharmos o todo da complexidade de uma embalagem, temos frascos ou bisnagas, tampas ou válvulas, gravação ou rótulos, cartuchos ou blisters, etc, etc.

Além disso, ainda existem os diversos materiais que podem ser usados em cada um desses componentes, os frascos podem ser de vidro ou de plástico e ai seguem novas opções entre os plásticos, PET, Pead, PP, PVC, Pebd para citar apenas alguns.

Minha sugestão, e, o que eu tenho procurado praticar no dia a dia, é de sempre solicitar ao cliente final uma reunião com a agência antes da elaboração do projeto, assim com essa consultoria evitamos perda de tempo como citado acima, e frustação do cliente com a notícia que aquilo que foi criado talvez não se encaixe no projeto, seja por custo, seja por questões de produção e principalmente por não haver tempo hábil para o desenvolvimento até a data de lançamento.

Da mesma forma, o correto seria que a indústria de transformação também se aproximasse das escolas de design e dos profissionais de criação, transmitindo todos os conceitos, dificuldade e sugestões que envolvem a fabricação das embalagens.

 Por Leandro P. de Almeida

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